quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Considerações sobre o desequilíbrio do dosha Vata

CONSIDERAÇÕES SOBRE O (DESEQUILÍBRIO DO) DOSHA VATA

Estamos no inverno, a estação mais fria do ano. Devido apenas a uma mudança na angulação do eixo vertical da Terra, os raios de sol incidem de tal maneira sobre a crosta do hemisfério sul, que recebemos menos intensidade de radiação solar ao longo desse período, e por isso, a temperatura nas regiões desta parte do planeta diminui, “causando” o inverno. Na verdade, uma série de outras mudanças ocorre (inicia-se o período de hibernação de determinadas espécies de animais; as noites começam a se tornar mais longas do que os dias; no ciclo da agricultura, inicia-se o período da preparação da terra para a próxima semeadura; etc...), mas, a mudança mais sentida, é a diferença de temperatura.

Há muito, determinou-se que o inverno principia no seu solstício e tem o seu ocaso no equinócio da primavera. E, é justamente neste período que, aquelas pessoas que tem predominância do dosha Vata na sua constituição, devem se proteger. Nesta estação, pelo menos aqui no Brasil, não venta tanto quanto no outono ou na primavera, mas, o frio e o ar seco são intensos, e por isso, o desequilíbrio de Vata, nestas pessoas, se faz sentir muito claramente. Na estação anterior, o outono, Vata sofre com o contraste sentido em relação à diferença de temperatura entre o verão e aquela estação. Além disso, os ventos fortes, famosos por carrearem as folhas secas do outono, trazem mais instabilidade ao facilmente desestabilizável dosha Vata. Caracterizado pela união dos elementos Ar e Éter, este dosha é o que se desestabiliza com mais facilidade entre todos os doshas. Não à toa, é o que mais necessita de intervenções terapêuticas para restabelecer o seu fluxo adequado.

Uma dessas intervenções se dá por meio do uso da terapia das ervas/aromas no auxílio do devido restabelecimento do equilíbrio dos doshas. Mas, antes de elencar aqui algumas ervas/óleos essenciais que, dentre outras maneiras, poderão ser utilizadas terapeuticamente por meio de massagens e terapias corporais de cura, vale a pena abrirmos um parênteses muito bem observado pelo doutores Light e Brian Miller no seu livro “Ayurveda & Aromatherapy – The Earth Essential Guide to Ancient Wisdom and Modern Healing –, Motilal Banarsidass Publishers, Delhi:1995; em relação ao desequilíbrio do dosha Vata.

Nas páginas 94 e 96 deste mesmo livro, fica muito clara a divisão (talvez didática apenas, mas ainda assim, uma divisão) realizada em relação à forma de diagnosticar e de tratar o desequilíbrio do dosha Vata. Nela, os autores determinam duas maneiras de caracterizar o desequilíbrio deste dosha. Em uma delas, define-se o conceito de Vata obstruído, que se faz valer quando os canais do corpo estão entupidos com toxinas (ama) resultantes de uma combinação entre má alimentação, má digestão e má eliminação de resíduos. Já na outra, encontramos o conceito de Vata deficiente, caracterizado quando este dosha, em desequilíbrio no sistema, provoca perda de peso, secura e aceleração no processo de envelhecimento. Nos dois casos, vale lembrar, Vata está agravado, mas tal separação se faz importante para que o tratamento se dê de maneira mais eficaz, precisa e eficiente.

Neste sentido:

# Para Vata obstruído, devemos usar ervas/óleos essenciais acres, ou seja, de sabor (rasa) ácido ou amargo e de aroma forte, ativo, áspero, seco, agudo e penetrante. As obstruções são removidas por meio de características (gunas) como o calor, a leveza e a mobilidade, e as ervas que possuem tais qualidades são: pimenta-do-reino; cálamo; semente de cenoura; canela, coentro, alho, mirra, açafrão; sândalo.

# Para Vata deficiente, devemos usar ervas/óleos essenciais nutritivas, que irão revitalizar os tecidos do corpo. Elas irão limpar o sangue, fortalecer os órgãos enfraquecidos por doença e desacelerar os efeitos da má nutrição e do processo de envelhecimento. As ervas para este tipo de restabelecimento são: angélica; jasmim; mirra; rosa; açafrão; baunilha.

Cuide-se!

Rafael Novelli Sampaio
(vice-presidente da IAYA)